sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

História de um naufrágio em 1885


No dia 15 de março, às 4 horas da tarde, uma canoa que levava 4 homens, 1 mulher e uma vaca peada, atravessando o Amazonas da ponta do Urubuquaca para as costas do Ituqui, a 8 milhas de Santarém, naufragou, batida pelas ondas, agitadas por um temporal.
Dois dos tripulantes, Antonio e Manoel, conseguiram ganhar a costa do Maicá, agarrados em bancos da canoa, que logo foi para o fundo.

Os outros dois, Emygdio e José, debateram-se nas ondas, conseguindo depois agarrar-se à vaca que, coisa singular, boiava e assim foram levados pela correnteza do Amazonas até o lugar denominado Cueieiras, 60 milhas distante de Santarém; tendo, portanto, os dois homens percorrido, agarrados à vaca morta, 52 milhas. Foram salvos por uma canoa de pescadores.
A mulher, Celestina, teve a felicidade de agarrar um banco do mastro, que encontrou boiando, e, só com a cabeça fora da água, foi arrastada até a Barreira, tendo percorrido uma extensão de mais de 60 milhas, sendo tirada de tais apuros por uma outra canoa de pescadores, às 6 horas da manhã do dia 16.
O que acabamos de narrar foi-nos referido pela naufraga Celestina”.


NOTA: Texto publicado no jornal Diário de Notícias Nº 82, de 1885, reproduzindo o original publicado no jornal Baixo Amazonas.

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