“No dia 15 de março, às 4 horas da tarde, uma
canoa que levava 4 homens, 1 mulher e uma vaca peada, atravessando o Amazonas
da ponta do Urubuquaca para as costas do Ituqui, a 8 milhas de Santarém,
naufragou, batida pelas ondas, agitadas por um temporal.
Dois dos
tripulantes, Antonio e Manoel, conseguiram ganhar a costa do Maicá, agarrados
em bancos da canoa, que logo foi para o fundo.
Os outros dois,
Emygdio e José, debateram-se nas ondas, conseguindo depois agarrar-se à vaca
que, coisa singular, boiava e assim foram levados pela correnteza do Amazonas
até o lugar denominado Cueieiras, 60 milhas distante de Santarém; tendo,
portanto, os dois homens percorrido, agarrados à vaca morta, 52 milhas. Foram
salvos por uma canoa de pescadores.
A mulher,
Celestina, teve a felicidade de agarrar um banco do mastro, que encontrou
boiando, e, só com a cabeça fora da água, foi arrastada até a Barreira, tendo
percorrido uma extensão de mais de 60 milhas, sendo tirada de tais apuros por
uma outra canoa de pescadores, às 6 horas da manhã do dia 16.
O que acabamos de
narrar foi-nos referido pela naufraga Celestina”.
NOTA: Texto publicado no jornal
Diário de Notícias Nº 82, de 1885, reproduzindo o original publicado no jornal
Baixo Amazonas.
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