sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Momento poético: Soneto da Hora Crepuscular

Felisberto Sussuarana

Infinito me escuto. A tarde lenta,
Se evade para o espaço. A treva desce,
Desce enxotando a tarde sonolenta –
Desnuda flor do tempo que fenece.

Infinito me vejo. A treva aumenta
E me traz o perfume de tua prece –
Canto pungente de esperança lenta
De alguém que bebe noite e que padece.


Infinito me sinto. Os rios crepitam
E esperam que sua água se concentre
Num leito, unicamente, e o mar a aguarde...

Frenéticos, meus músculos se agitam,
Para fazer-me viva estátua, entre
A nascente da noite e a foz da tarde.


Nenhum comentário:

Postar um comentário