“Balouça-se nas águas do Tapajós o pequeno
vapor Taperinha, da propriedade dos
srs. Pedro Coppi e seu sócio. O casco deste vapor é todo de itaúba, e foi
armado no estaleiro dos srs. Branco & Genro, desta cidade; é de construção
sólida, medindo 53 pés de comprimento, 14 de boca e 8 de pontal, montado a
hélice e da força de 8 cavalos dinâmicos, o maquinismo foi todo preparado pelos
proprietários do engenho Taperinha
dos srs. Pinto & Rhome.
É este o primeiro
vapor foi feito no Amazonas, cabendo à cidade de Santarém a glória de ter sido
o lugar onde primeiro se construiu um vapor; que se torna notável porque a
matéria-prima é todo deste rio Tapajós, e a máquina também foi feita todo no
lugar acima dito.
Os proprietários
deste vapor, naturais da Suíça, vieram estabelecer-se nesta cidade no ano de
1867 – despedindo-se das fundições de máquinas do Rio de Janeiro, onde
trabalhavam. O sr. Pedro Coppi é um artista perfeito como prova o bem acabado
das suas obras como serralheiro e fundidor, já se vê que Santarém não está
inativa na marcha do progresso industrial. Se não pode competir ainda com
outros lugares adiantados pela sua indústria, ninguém de boa mente lhe negará,
ser o que mais se aproxima, em todo o Amazonas, a esse estado de adiantamento e
progresso que nobilita um povo. Aqui as artes e a indústria agrícola caminham
na razão direta do desenvolvimento moral da população e oxalá que os poderes do
estado, cônscios desta verdade, se manifestem em prol deste melhoramento
protegendo-as como era para desejar. As simples frases laudatórias se
convertessem em fatos que proporcionassem em meios de desenvolver-se e
aperfeiçoar-se no trabalho seriam outros tantos motores do progresso que fariam
a riqueza da província. Se as capitais convertem todas as rendas da província
no seu aperfeiçoamento, construindo edifícios importantes para fascinar a vista
do estrangeiro, proporcionem também os indispensáveis recursos as indústrias e
o comércio do interior, que tão boa seiva dá e não continuem o sistema do
indiferentismo, deixando as localidades entregues aos seus minguados recursos.
Não devem as capitais por em contribuição somente o interior até atrofia-lo”.
NOTA:
Publicado originalmente no jornal Regeneração Nº 11 de janeiro de 1873.
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