segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O primeiro “Vapor” feito em Santarém, o “Taperinha” – 1873

Balouça-se nas águas do Tapajós o pequeno vapor Taperinha, da propriedade dos srs. Pedro Coppi e seu sócio. O casco deste vapor é todo de itaúba, e foi armado no estaleiro dos srs. Branco & Genro, desta cidade; é de construção sólida, medindo 53 pés de comprimento, 14 de boca e 8 de pontal, montado a hélice e da força de 8 cavalos dinâmicos, o maquinismo foi todo preparado pelos proprietários do engenho Taperinha dos srs. Pinto & Rhome.

É este o primeiro vapor foi feito no Amazonas, cabendo à cidade de Santarém a glória de ter sido o lugar onde primeiro se construiu um vapor; que se torna notável porque a matéria-prima é todo deste rio Tapajós, e a máquina também foi feita todo no lugar acima dito.
Os proprietários deste vapor, naturais da Suíça, vieram estabelecer-se nesta cidade no ano de 1867 – despedindo-se das fundições de máquinas do Rio de Janeiro, onde trabalhavam. O sr. Pedro Coppi é um artista perfeito como prova o bem acabado das suas obras como serralheiro e fundidor, já se vê que Santarém não está inativa na marcha do progresso industrial. Se não pode competir ainda com outros lugares adiantados pela sua indústria, ninguém de boa mente lhe negará, ser o que mais se aproxima, em todo o Amazonas, a esse estado de adiantamento e progresso que nobilita um povo. Aqui as artes e a indústria agrícola caminham na razão direta do desenvolvimento moral da população e oxalá que os poderes do estado, cônscios desta verdade, se manifestem em prol deste melhoramento protegendo-as como era para desejar. As simples frases laudatórias se convertessem em fatos que proporcionassem em meios de desenvolver-se e aperfeiçoar-se no trabalho seriam outros tantos motores do progresso que fariam a riqueza da província. Se as capitais convertem todas as rendas da província no seu aperfeiçoamento, construindo edifícios importantes para fascinar a vista do estrangeiro, proporcionem também os indispensáveis recursos as indústrias e o comércio do interior, que tão boa seiva dá e não continuem o sistema do indiferentismo, deixando as localidades entregues aos seus minguados recursos. Não devem as capitais por em contribuição somente o interior até atrofia-lo”.

NOTA: Publicado originalmente no jornal Regeneração Nº 11 de janeiro de 1873.


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