domingo, 6 de março de 2016

O Serviço Especial de Saúde Pública ameaçado – 1952


De acordo com a proposta enviada ao Senado da República, o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) teria a sua dotação diminuída em dez milhões de cruzeiros, no exercício de 1953, o que viria afetar fundamente os serviços da organização, cujos incontestes trabalhos de saneamento são uma realidade, uma das poucas realidades desta infeliz Amazônia.

Se passar o corte da verba, o SESP se verá na contingência de fechar vários hospitais e postos de saúde que mantém pelo interior, o que será uma calamidade para a população pobre que já se acostumou a ver nesse serviço a única assistência que o governo lhe dá com eficiência contra os males e endemias da região.
Diversas prefeituras, tanto do Pará como do Amazonas, estão se movimentando, pelos seus administradores ou através de suas organizações de classes e sociais, no sentido de arregimentar os seus valores representativos na capital da República e nas demais capitais, em prol da campanha que se inicia para que o Senado não aprove o corte dos dez milhões no Orçamento Geral para 1953.
Neste exercício a dotação para o SESP foi de 40 milhões que se pretende agora reduzir para 30 milhões.
Se com a verba atual já o SESP não poderia arcar com os inúmeros serviços a seu cargo, que seja dito de passagem, cada dia mais aumentam em virtude de novos acordos com municípios para instalação de água, fossas e serviços de assistência médica, é certo que muito menos poderá fazer tendo a sua dotação reduzida para 30 milhões.
Se passar essa incrível “economia” que se quer fazer sobre a cabeça desta pobre Amazônia, o SESP se verá na impossibilidade de levar com a mesma eficiência a sua ação benéfica e humanitária em prol da saúde do homem do interior, que será a maior vítima dos “abnegados” pais da pátria que, todavia, não cogitam de reduzir os seus gordos subsídios e “jetons”.
Sabemos que o governador do Estado, general Alexandre Zacarias de Assunção, já se comunicou telegraficamente com o Chefe da Nação expondo as graves consequências que trará para a planície o famigerado corte das dotações do SESP.
Pediu o governador ao supremo magistrado do país que interfira junto ao Legislativo a fim de que a verba continue fixada em 40 milhões de cruzeiros para 1953, sob pena da assistência à saúde pública sofrer um sério colapso nos municípios do nosso hinterland”.


NOTA: Publicado no jornal O Baixo Amazonas de 29 de novembro de 1952.

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