“De acordo com a proposta enviada ao Senado da República, o Serviço
Especial de Saúde Pública (SESP) teria a sua dotação diminuída em dez milhões
de cruzeiros, no exercício de 1953, o que viria afetar fundamente os serviços
da organização, cujos incontestes trabalhos de saneamento são uma realidade,
uma das poucas realidades desta infeliz Amazônia.
Se
passar o corte da verba, o SESP se verá na contingência de fechar vários
hospitais e postos de saúde que mantém pelo interior, o que será uma calamidade
para a população pobre que já se acostumou a ver nesse serviço a única
assistência que o governo lhe dá com eficiência contra os males e endemias da
região.
Diversas
prefeituras, tanto do Pará como do Amazonas, estão se movimentando, pelos seus
administradores ou através de suas organizações de classes e sociais, no
sentido de arregimentar os seus valores representativos na capital da República
e nas demais capitais, em prol da campanha que se inicia para que o Senado não
aprove o corte dos dez milhões no Orçamento Geral para 1953.
Neste
exercício a dotação para o SESP foi de 40 milhões que se pretende agora reduzir
para 30 milhões.
Se
com a verba atual já o SESP não poderia arcar com os inúmeros serviços a seu
cargo, que seja dito de passagem, cada dia mais aumentam em virtude de novos
acordos com municípios para instalação de água, fossas e serviços de
assistência médica, é certo que muito menos poderá fazer tendo a sua dotação
reduzida para 30 milhões.
Se
passar essa incrível “economia” que se quer fazer sobre a cabeça desta pobre
Amazônia, o SESP se verá na impossibilidade de levar com a mesma eficiência a
sua ação benéfica e humanitária em prol da saúde do homem do interior, que será
a maior vítima dos “abnegados” pais da pátria que, todavia, não cogitam de
reduzir os seus gordos subsídios e “jetons”.
Sabemos
que o governador do Estado, general Alexandre Zacarias de Assunção, já se
comunicou telegraficamente com o Chefe da Nação expondo as graves consequências
que trará para a planície o famigerado corte das dotações do SESP.
Pediu
o governador ao supremo magistrado do país que interfira junto ao Legislativo a
fim de que a verba continue fixada em 40 milhões de cruzeiros para 1953, sob
pena da assistência à saúde pública sofrer um sério colapso nos municípios do
nosso hinterland”.
NOTA: Publicado no jornal O Baixo
Amazonas de 29 de novembro de 1952.
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