Depois de um ano em que a
cidade temeu a varíola e registrou um surto de hidrofobia, além da sempre
temida febre amarela e de outras doenças que afligiam os santarenos daqueles
anos (inclusive verminoses e doenças venéreas), os serviços do “Posto de Saúde
Gaspar Viana”, sob a direção do Dr. João Pinto de Oliveira, então médico
responsável pelo saneamento rural da cidade de Santarém, estivam a todo vapor,
conforme se pode constatar pelo Relatório de serviços do mês de maio de 1924,
que passamos a publicar abaixo:
“O movimento geral de doentes do mês foi de 2.726. Destes, 708 eram
novos, os quais se matricularam: no serviço contra o impaludismo, 216, no
serviço de combate às verminoses, 415, e nas doenças venéreas, 24.
No
serviço de combate ao impaludismo, foram aplicadas 1.771 medicações; destas,
518 foram injeções. No serviço de verminose foram ministradas 411 medicações,
sendo em domicílio, 318 e no ambulatório, 93. No laboratório do Posto foram
feitos 772 exames sendo, de fezes 353, para pesquisa do hematozoário de
Laveran, 212, e diversos, 7. Fizeram-se 443 exames de sangue para verificação
da taxa de hemoglobina.
No
serviço de Saneamento Rural, inspecionaram-se 305 domicílios. O número de
pessoas vacinadas e revacinadas foi de 365.
No
gabinete anti-venéreo foram atendidos 144 doentes, que receberam tratamento
constante de injeções de mercúrio e curativos de ulcerados.
Sobre
outras doenças e no serviço de policlínica foram atendidas 398 pessoas dando-se
107 consultas. Ainda neste serviço fizeram-se 7 pequenas intervenções
cirúrgicas e 134 curativos diversos”.
Interessante constar que esse
total de atendimentos contemplava uma população urbana de no máximo cinco mil
habitantes (numa estimativa otimista), o que nos dá uma ideia do quanto os
serviços prestados pelo posto de saúde, em apenas um mês, foi importante para a
vida dos santarenos daquela época.
Minha mãe nasceu em dezembro de 1924. O pai dela e o irmão morreram com uma dessas enfermidades uma semana antes dela nascer. Muito bom ler este documentário. (Posteriormente, anos depois, morreram também os pais do meu pai, que também nasceu em novembro de 1924, por doença não sabida por nós).
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