quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Isto foi notícia: Um fato inusitado nas praias de Santarém



O semanário santareno “A CIDADE” publicado no dia 05 de junho de 1926, entre os mais variados acontecimentos daquela época, nos deixou uma notícia que mereceu destaque entre os tapajônicos frequentadores da praia da Coroa de Areia. Eis a mesma:


À tarde de 28 de maio último, alguns empregados do Rádio assistiram um estranho espetáculo que os deixou maravilhados por imprevisto e raro.
Seriam dezesseis hora prováveis quando, divulgaram eles, ao longe, vindos da outra margem do rio, dois negros vultos que rumavam para esta margem, em direitura do local em que se achavam os observadores.
Espiçada [sic] a sua curiosidade, interessados se mostravam todos em verificar o que seriam aqueles volumes errantes que se encaminhavam rapidamente, com espantosa velocidade, e assim aguardaram-lhes a aproximação. Com geral espanto, puderam então constatar tratar-se de duas enormes cobras, dois monstruosos anfíbios cujos negros dorsos faiscavam ao sol.
A maior delas, que os observadores calcularam ter de trinta a cinquenta metros de comprimento, ao tentar transpor o baixo formado pela ponta de praia conhecida por “Coroa de Areia”, encalhou, dando lugar a que melhor fosse observada, enquanto a outra, de quinze metros presumíveis, entrou na angra formada pela referida ponta de praia e como não encontrasse passagem, retrocedeu e fez-se ao largo, sendo imitada pela outra que já conseguira remover o obstáculo encontrado. E lá se foram, velozes, os escamosos lombos rebrilhando ao sol, rumo da outra margem, até que foram perdidas de vista.
Para muita gente há de parecer uma lenda a notícia que ora transmitimos aos nossos leitores, pois pessoa há que não acreditam na existência da Cobra-grande, que dizem residir na imaginação dos pescadores ignorantes. Nós, entretanto, estamos convictos da veracidade do fato, pelo valioso testemunho de um dos espectadores da rara aparição, o nosso correto amigo, sr. João de Senna Gentil, que na ocasião se achava, com outros, no porto da estação radiotelegráfica, a dois passos, portanto, da “Coroa de Areia”, de onde assistiu o invulgar espetáculo.
Não se pode imaginar que fosse uma ilusão de ótica, porquanto a distância compreendida entre os dois monstros e os observadores era tão curta que se poderia reconhecer qualquer objeto por menos que fosse”.

A notícia acima termina com a seguinte pergunta: “Que intento seria o das colossais habitantes das águas verde-negras do Tapajós?”. Ao menos uma resposta, hoje, nos parece plausível: registrar a sua existência para os anais da história jornalística da Santarém daquela época a fim de serem lembradas nestas linhas na atualidade.


Um comentário:

  1. Encantada, como todas as vezes que leio documentos da nossa história postadas por padre Sid.

    ResponderExcluir