O semanário santareno “A CIDADE”
publicado no dia 05 de junho de 1926, entre os mais variados acontecimentos
daquela época, nos deixou uma notícia que mereceu destaque entre os tapajônicos
frequentadores da praia da Coroa de Areia. Eis a mesma:
“À tarde de 28 de maio último, alguns empregados do Rádio assistiram um
estranho espetáculo que os deixou maravilhados por imprevisto e raro.
Seriam
dezesseis hora prováveis quando, divulgaram eles, ao longe, vindos da outra
margem do rio, dois negros vultos que rumavam para esta margem, em direitura do
local em que se achavam os observadores.
Espiçada
[sic] a sua curiosidade, interessados se mostravam todos em verificar o que
seriam aqueles volumes errantes que se encaminhavam rapidamente, com espantosa
velocidade, e assim aguardaram-lhes a aproximação. Com geral espanto, puderam
então constatar tratar-se de duas enormes cobras, dois monstruosos anfíbios
cujos negros dorsos faiscavam ao sol.
A
maior delas, que os observadores calcularam ter de trinta a cinquenta metros de
comprimento, ao tentar transpor o baixo formado pela ponta de praia conhecida
por “Coroa de Areia”, encalhou, dando lugar a que melhor fosse observada,
enquanto a outra, de quinze metros presumíveis, entrou na angra formada pela
referida ponta de praia e como não encontrasse passagem, retrocedeu e fez-se ao
largo, sendo imitada pela outra que já conseguira remover o obstáculo
encontrado. E lá se foram, velozes, os escamosos lombos rebrilhando ao sol,
rumo da outra margem, até que foram perdidas de vista.
Para
muita gente há de parecer uma lenda a notícia que ora transmitimos aos nossos
leitores, pois pessoa há que não acreditam na existência da Cobra-grande, que
dizem residir na imaginação dos pescadores ignorantes. Nós, entretanto, estamos
convictos da veracidade do fato, pelo valioso testemunho de um dos espectadores
da rara aparição, o nosso correto amigo, sr. João de Senna Gentil, que na
ocasião se achava, com outros, no porto da estação radiotelegráfica, a dois
passos, portanto, da “Coroa de Areia”, de onde assistiu o invulgar espetáculo.
Não
se pode imaginar que fosse uma ilusão de ótica, porquanto a distância
compreendida entre os dois monstros e os observadores era tão curta que se
poderia reconhecer qualquer objeto por menos que fosse”.
A notícia acima termina com a
seguinte pergunta: “Que intento seria o
das colossais habitantes das águas verde-negras do Tapajós?”. Ao menos uma
resposta, hoje, nos parece plausível: registrar a sua existência para os anais
da história jornalística da Santarém daquela época a fim de serem lembradas
nestas linhas na atualidade.
Encantada, como todas as vezes que leio documentos da nossa história postadas por padre Sid.
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