Por Pe. Sidney Augusto Canto
01. Uma das primeiras tentativas da cura da morfeia...
Em 1847, circula
a informação de que havia sido descoberto por um indígena a cura da morfeia,
tendo como medicação “purgantes de assacú”. Na verdade, as averiguações da
Câmara Municipal confirmaram que José Joaquim de Souza Gomes, de fato aparecera
curado dessa doença. Era cirurgião prático da Vila o sr. Raymundo José Rabello
que, com recursos advindos de uma subscrição feito pela Câmara da Vila, começou
a aplicar, no dia 20 de fevereiro de 1847, o remédio “assacú” a mais quatro
morféticos (além de José Joaquim, acima citado, que o mesmo cirurgião prático
declarou curado). Eram eles: Felipe Antônio da Silva, Antônio Joaquim Pereira,
Miguel da Silva Pimentel e Antônio da Silva Pimentel. Destes, os três primeiros
apresentaram cura significativa e o último veio a óbito, conforme descreve o
mesmo cirurgião, em ofício dirigido ao juiz de direito da Comarca, no dia 15 de
julho de 1847.
02. As primeiras vacinações contra varíola em
Santarém...
Em 1866,
Santarém aderiu positivamente, apesar de reações contrárias, ao uso da vacina
contra a varíola. Mas, se a varíola diminuía por conta de tão importante
melhoramento, a cidade registrava, naquele mesmo ano, epidemias de rubéola,
sarampo, disenteria, “câmaras de sangue” e também as “febres intermitentes” que
sempre apareciam por ocasião do verão amazônico, no período de vazante dos
rios.
03. O primeiro “Médico de Comarca” em Santarém...
Em 1868 é criado
o cargo de Médico da Comarca de Santarém. Até então, a cidade era atendida por
um médico “em Comissão”. O primeiro médico da Comarca de Santarém foi o dr.
Antônio Joaquim Gonçalves do Amaral, que era genro do Barão de Santarém e
futuramente seria eleito Senador do Império do Brasil.
04. Um médico e cientista norte americano entre
nós...
Em 1874, era um
dos moradores da “Colônia Norte Americana” um médico, que veio para Santarém
proveniente do Arkansas, chamado dr. Sawe Franklin Stroope. Naquele ano, o
jornal “Baixo Amazonas” noticiava que o referido médico havia descoberto, em
Santarém, um bom remédio para tratamento de queimaduras, fossem em qualquer
grau ou gravidade. Tratava-se do “óleo de piquiá”. Infelizmente, dr. Stroope
morreu algum tempo depois e toda a sua pesquisa se encontra, até o momento,
perdida.
05. Médicos vacinam contra varíola...
Em 1913,
Santarém via-se novamente em campanha de vacinação contra a varíola. As
vacinações eram diárias. Somente na primeira semana de setembro daquele ano,
foram vacinados: pelo médico dr. Antônio Justa – 26 pessoas; e pelo médico dr.
Ferreira Netto – 48 pessoas. Nesse período a população já tinha mais consciência
de que a vacina lhe fazia muito mais bem, do que o medo supunha contrário.
06. A epidemia de gripe espanhola em Santarém...
Em outubro de
1918 a influenza (também chamada de gripe espanhola ou dançarina) chega a
Santarém. O mal chegou por água. É possível que pelo Vapor “São Luiz” ou pelo
“Valparaiso”, que por aqui passaram logo após a epidemia ter surgido em Belém.
Vinham trazendo alguns doentes a bordo. E, como no “São Luiz” fosse necessário
trocar parte da tripulação que já estava acometida da doença, a epidemia ficou
e se espalhou pela cidade em fins da segunda quinzena de outubro. Contudo, somente
no dia 01 de novembro, o Intendente telegrafa ao Governador Lauro Sodré,
informando que a influenza havia irrompido em Santarém. Raramente se encontrava
uma casa onde que ninguém ficou doente ou em que a epidemia não houvesse
ceifado uma ou mais vidas em terras tapajônicas.
07. O primeiro “Posto de Saúde” em Santarém...
Em 1923, Santarém
finalmente possuí uma melhoria significativa no âmbito da saúde de seu povo. O
governo cria o Posto de Saúde “Gaspar Vianna”, que abrigava também uma Comissão
Ambulante do Baixo Amazonas, com dois médicos (doutores Dias Júnior e Affonso
Ribeiro) que atendiam a região de Santarém até Faro. Naquela época, uma das
grandes metas do Serviço de Profilaxia Rural era a erradicação dos ataques de
verminoses. Naquela ocasião, foi detectado que cerca de 97% da população estavam
contaminada por um ou mais tipos de vermes, sendo os mais comuns os ataques de
Ascaridiose, Trichuriose e a Nectariose.
08. A inauguração do primeiro hospital de Santarém...
O 13 de julho de
1930 foi um dia de festa, literalmente. Neste dia foi inaugurado o primeiro
hospital de Santarém: o hospital São José. Um sonho antigo, que vinha desde
quase cem anos antes. Muitas tentativas foram feitas, mas foi Dom Amando
Bahlmann, Bispo Prelado de Santarém, juntamente com as Irmãs Missionárias da
Imaculada Conceição e os frades Franciscanos que levaram a efeito tão
importante obra. E a inauguração foi uma festa, com a presença da orquestra “Jazz
Olympia”, sob a regência do maestro Raimundo Fona e também uma grande quermesse
em benefício de um “fundo hospitalar”.
09. O plantão das farmácias em nossa cidade...
Em 1935,
existiam quatro farmácias em Santarém, que funcionavam normalmente, durante a
semana, mas tinham um calendário de plantão para atender ao povo nos domingos.
Assim, em setembro daquele ano, se verificava o seguinte plantão dominical das
farmácias: dia 01 – Pharmacia do Povo; dia 08 – Pharmacia Castro; dia 15 –
Pharmacia Amazonas; dia 22 – Pharmacia Velloso.
10. O hospital São José fecha suas portas para o
SESP abrir as suas...
No dia 30 de
novembro de 1942, após quase doze anos de serviços prestados à comunidade
santarena, o Hospital São José fecha suas portas. Santarém ainda ficaria alguns
meses sem hospital, pois somente no ano seguinte começaria a funcionar o
hospital do Serviço Especial de Saúde Pública – SESP. Quanto ao São José,
tornou-se o Ginásio (posteriormente Colégio) Dom Amando, inaugurado em 14 de
março de 1943.
Fontes: Acervo
pessoal do autor, acervo ICBS e acervo da Biblioteca Nacional.
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