Depois que a
florescente empresa “The London Brazilian Products (Brazil) Ltda” instalou-se
em Santarém, não mais se desperdiçaram em nossas florestas, deterioradas pelas
intempéries ou estraçalhadas pelos daninhos roedores, as sementes oleaginosas,
cuja inconteste utilidade é de inestimável proveito nas industrias modernas.
Assim é que, há cerca de dois anos, os habitantes do interior, onde abundam as
palmeiras produtoras destas sementes, máxime o curuá, vem empregando a
atividade no mister de colhe-las, certos que estão da facilidade com que as
negociarão e certos também de um rendimento que se não deve desprezar e que
lhes é uma ajuda de custas nesta asfixiante quadra de dificuldades.
Note-se que para
dedicar-se à colheita do curuá e outras espécies oleaginosas, o lavrador não
precisa relegar ao abandono o trato de sua gleba, nem seria justo que isto se
lhe exigisse. Em chegando a safra das sementes, tem ele bastante tempo, nas
horas vagas, para recolher regular quantidade, serviço este que pode mesmo ser
feito por mulheres e crianças. E tendo “The London Brazilian” um rebocador para
o serviço de transporte dos produtos que adquire, ao coletor de sementes mais
fácil lhe é a venda, pois tem a vantagem de fazer embarcar a mercadoria no
próprio porto de sua habitação.
Como se vê, é
vantajoso o negócio das sementes, não precisando, para pô-lo em prática,
emprego de capital, e não tendo outras despesas além da que invariavelmente é
feita com a subsistência.
Isto quanto a
colheita. Com relação ao comércio das sementes, este é certo e seguro, visto
como a empresa a que aludimos, prima em negociar com lisura, graças ao que, não
obstantes as dificuldades com que luta, vem prosperando dia a dia e mais e mais
se firmando, não só neste como nos vizinhos municípios onde tem transações.
Não é nosso
intuito, ao grafarmos estas linhas, fazer reclamos da vulgarmente chamada
“Companhia dos Caroços”, pois a maneira porque vem se impondo é o melhor
reclamo que ela, de si mesma, faz. Nosso escopo é mostrar aos patrícios do
interior um meio fácil de adquirir novos rendimentos com os quais poderão fazer
face às necessidades que os angustiam, e concorrer de nossa parte para a
melhoria da situação desses estoicos habitantes das zonas ribeirinhas, sempre e
sempre alvo das moléstias e outros males.
NOTA: Publicado
no jornal A Cidade de 23 de dezembro de 1922.
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