É de penalizar o
estado físico de diversos compatrícios nossos que, pelas ruas desta cidade,
perambulam; uns implorando a caridade pública; outros abandonados de si mesmos,
entregues às moléstias que os prostram nas calçadas, arquejantes, incômodos que
lhes minam os organismos quando lutavam pela vida no labor das brenhas
tapajoaras, amazônicas ou curuaenses, em busca da borracha ou da castanha.
Tiritantes do
frio do impaludismo; desalentados pela febre que os prostra ou cabisbaixos,
amargurados, estoicamente fitando resignados as chagas horrorosas que lhes vão
corroendo os pés, as mãos, deformando as pernas e o corpo todo, condói
ouvir-lhes a narrativa de tais sofrimentos, narrativa que estaciona no ato
desumano do abandono dos infelizes por parte dos “patrões” ou dos comandantes
dos navios em que embarcaram, os quais os mandam jogar no trapiche ou nas
praias desta cidade.
Alguns, como
agora vimos de saber, dizem que trabalhavam nos castanhais de Alenquer, onde
adoeceram. Depois, transportados àquela cidade, imploraram o auxílio do sr.
Intendente, a fim de se recolherem à Santa Casa, em Belém.
De Alenquer
embarcaram; mas, para logo, surpresos, angustiados, sem recursos, serem
desembarcados aqui em Santarém que, ao que parece, é a Santa Casa que lhes
destinaram...
Maldade dos
senhores Comandantes, ou caso pensado do sr. Intendente de Alenquer?
Não o sabemos.
O que se
constata é que são fatos cruéis e abusivos, dos que os põem em prática,
sacrificando a saúde pública santarense.
NOTA: Publicado no
jornal A Cidade de 13 de agosto de 1921.
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