Por Apolônio
Fona
Porque choras?
Interrogação
certante como lamina afiada e perfurante como a ponta de um punhal. E, contudo,
é a verdade: choro, sinto correrem-me pelas faces polidas rios de lágrimas
quentes como fogo e que, no me lavarem os lábios amargam como fel.
E ris!
Mas há de chegar
o dia em que, em tua vida, desponte a alvorada do amor. E cantarão os pássaros,
flores impregnarão de perfume suave e embriagador o espaço, riachos entoarão,
rolando por entre pedras, alvinitentes cavalinhos celestiais, tudo
encantando-te a vida, embelezando-se a existência. Mas também virá a noite,
como veio a alvorada, e terás, como eu, uma noite hibernal e triste como esta.
E então hás de
sentir e hás de compreender que amar, sofrer e chorar é o destino supremo dos
que vivem!
NOTA: Escrito em
10 de março de 19132. Publicado no jornal Gazeta do Norte de 12 de março de
1932. É possível que o texto poético do nobre fotógrafo santareno, tenha sido
impresso em prosa, por causa a nós desconhecida (vontade do autor ou erro de
impressão?).
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