Não há negar que
o nosso município tem evoluído em sua vida agrícola, graças, quiçá, à descida
vertiginosa que, na cotação do comércio mundial, sofreu a borracha – o dourado
de quantos, atraídos pela fortuna, se embrenhavam nas ínvias matas amazônicas.
Desfeita a ilusão desses denodados bandeirantes, começaram todos de compreender
o erro em que permaneciam entregando-se exclusivamente ao cultivo da hevea,
que colossais riquezas proporcionou, é verdade, mas que, por isso mesmo, a
muitos deixou arruinados para não mais se erguerem.
Desafiando o
braço e a dedicação do lavrador, terras úberes aí estavam aptas à policultura,
abandonadas, porém, por aqueles que só no “ouro negro” viam o veículo de suas
ambições de fortuna.
Mas, há males
que vem para bem. Desvalorizada a borracha, restava tomar outro roteiro. Rumo
ao campo! Foi o refrão salvador contraposto ao rumo ao seringal. E a
agricultura que, em muitos lugares, era um arremedo, tomou vulto e venceu.
Haja vista
Santarém. Nosso município pode agora ufanar-se de ser um daqueles que,
abandonando a ilusão do “ouro negro”, cuidou seriamente da cultura de suas
terras.
De importadores
de diversos gêneros que éramos, podemos hoje exportar em regular escala muitos
deles. Em duas viagens que fez ao nosso porto, daqui levou o lugre “Adamastor”
os porões atestados de produtos santarenses, que lá, em Portugal, foram pôr à
prova a excelência e a uberdade do nosso solo. Já na terra lusitana são
conhecidos alguns dos nossos gêneros; com uma propaganda inteligente, não
tardará que de outras terras nos procurem para um intercâmbio que assaz nos aproveitará.
O sr. Coronel
Raymundo P. Brasil, que é um dedicado propagandista das riquezas do Pará, em
artigos que vem publicando na “Folha do Norte”, dedicou um deles, o segundo da
série, à Santarém. Nesse trabalho, o coronel Brasil descreve com muito acerto a
prosperidade do nosso município, suas riquezas, a excelência do seu clima, a
densidade de sua população, sua indústria, etc. e apresenta uma estatística de
sua exportação, no qual se evidencia a sua vida econômica, o seu progresso,
enfim.
É disto que
precisamos. Fazendo uma acurada propaganda das nossas coisas, tornando-as
conhecidas não só no país como no estrangeiro, em breve nos advirão proventos e
com eles melhores dias para nossa terra.
Façamos a
propaganda; mas antes de tudo façamos por nos desvencilhar dos tentáculos
opressores dessa tarântula sequiosa que é a Port of Pará. Sem nos
vermos livres da taxação absurda dessa companhia inglesa, nada teremos feito.
Miss Anga.
NOTA: Publicado
no jornal A Cidade de 27 de agosto de 1921.
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