Por Pe. Sidney Augusto Canto
01. Conflitos entre lideranças obidenses...
No ano de 1874
um conflito abalou os líderes responsáveis pela segurança do povo obidense. O
juiz de órfãos, arrogando a si mesmo poderes que a lei não lhe conferia,
procurou intervir em atos de competência do subdelegado de polícia (como
inspetor de prisões em seu distrito) e do tenente coronel comandante da Guarda
Nacional (como chefe desta milícia). Apesar do mal-estar, as coisas foram sendo
resolvidas com intervenção do governo da Província.
02. Alistamento militar em Óbidos em 1876...
A comarca de
Óbidos, procedendo ao alistamento militar para o ano de 1876, alistou 90
cidadãos assim distribuídos: 55 foram alistados para todo o serviço, seja em
tempo de paz ou de guerra; 07 foram isentos do serviço em tempos de paz; 28
foram dispensados de todo o serviço.
03. A ajuda para os flagelados da seca no Nordeste...
Em decorrência
da grande seca que afligiu o Nordeste Brasileiro, no ano de 1877, o povo
obidense, sensibilizado pela situação de penúria de seus irmãos nacionais e a
pedido do Presidente da Província e dos membros da Junta Comercial do Pará,
promoveram uma subscrição que rendeu a quantia de 514$000 (quinhentos e
quatorze mil réis) que foram enviados à Província do Ceará.
04. Fundo de emancipação para os escravos obidenses...
Óbidos era uma
das cidades do Baixo Amazonas com um grande número de escravos. A liberdade
era, muitas vezes, comprada por meio do Fundo de Emancipação, distribuído pelo
governo provincial. No ano de 1881, o município comprou a liberdade dos
seguintes escravos: Herculano, Thomazia, Gregório e Zeferino. Foram usados
488$000 (quatrocentos e oitenta e oito mil réis) do saldo do Fundo de
Emancipação e 1:512$000 (um conto, quinhentos e doze mil réis) de pecúlio.
05. Novos limites entre Santarém e Óbidos...
Com a extinção
do município de Vila Franca (que manteve, entretanto, o título de paróquia),
seu território foi dividido entre os municípios de Santarém e Óbidos. Assim
sendo, a partir do ano de 1885, os limites passaram a ser assim: pertencendo a
Óbidos, da boca do Lago Grande, todo o igarapé Juquiri, o igarapé das Fazendas,
inclusive os lagos denominados Preguiça, Cabeça d’Onça e Jararaca, abrangendo a
fazenda Nazaré e o retiro para cima denominado Livramento até a terra firme; e
pertencendo a Santarém das fazendas Santo Antônio, Retiro dos Mirandas e Tezo
do Papa-Terra, para baixo, margeando a terra firme.
06. Uma reclamação dos inícios da República...
Em 1890, logo
após a proclamação da República, o clima político em Óbidos continuaria tenso.
A antiga Pauxis possuía um delegado permanente do Governo na pessoa do sr.
Marcos Antônio Nunes, denominado pelos seus conterrâneos de “Papa-rana”, pois
se dizia que, em política o mesmo não errava, tal qual o Papa católico em
matéria de fé. Os comerciantes locais pediam muito ao governo do recém
proclamado regime, que não esquece do interior, porque, até então os olhos dos
governantes estavam sempre voltados para a Capital, enquanto Óbidos nem as
migalhas para construção de um trapiche não recebia.
07. A reivindicação dos fazendeiros obidenses...
Outra justa luta
comercial foi a cobrança feita ao Governo do Estado para que o mesmo abrisse
uma estrada para os Campos Gerais da Guiana. Os fazendeiros acreditavam que
isto traria a grande melhoria esperada para a criação de gado vacum e cavalar,
pois as últimas enchentes do rio Amazonas lhes traziam muitos prejuízos com as
criações. Em 20 de janeiro de 1891, o engenheiro Antônio Manoel Gonçalves
Tocantins, comunica ao governo que, uma vez aberta a estrada, o fazendeiro
obidense Vicente Augusto de Figueiredo estava disposto a começar uma fazenda
nos ditos campos, para lá levando a quantia de mil reses bovinas, para servir
de exemplo para que outros fazendeiros trocassem os campos de várzea pelo de
terra firme.
08. Sobre a saúde em Óbidos em 1894...
O Governo do
Estado, por meio da Lei Nº 215, de 30 de junho de 1894, dividiu o Estado do
Pará em Regiões Médicas. A primeira Região Médica compreendia Óbidos, Juruti e
Faro, tendo Óbidos como sede. Para ocupar o cargo de médico da 1ª Região, foi
nomeado o doutor Américo Witruvio Gonçalves Campos.
09. A luta por uma boa educação em Óbidos...
Com o advento da
República, foi criado, em Óbidos, um externato que, apesar do esforço e
competência de seus diretores, pouco chegava a produzir para o bem da
municipalidade. As coisas mudariam, entretanto, com a criação do Grupo Escolar
de Óbidos, que só foi possível por meio da reforma feita pela Lei 593, de 25 de
junho de 1898. Esta Lei fez com que o Governo fizesse um regulamento que
permitia que mulheres pudessem ser professoras de meninos (até então, somente
homens podiam fazê-lo) e também a organização de Grupos Escolares. O de Óbidos
foi inaugurado solenemente no dia 31 de janeiro de 1901.
10. O papel de Óbidos no combate à fraude fiscal...
Em 1903, o
Governo do Estado, para combater fraudes ao fisco, ordena que todos os vapores
que naveguem pelo Baixo Amazonas, tenham que tocar no porto de Óbidos para
serem fiscalizados pela Mesa de Rendas daquela localidade, aos infratores uma
multa de um conto de réis-ouro ao proprietário e comandante da embarcação,
respectivamente. A norma surtiu bons efeitos, pois, no ano seguinte, a Mesa de
Rendas em Óbidos recolheu 70:569$301 (setenta contos, quinhentos e sessenta e
nove mil, trezentos e um réis), tendo como despesa apenas 6:200$000 (seis
contos e duzentos mil réis). Desde então, Óbidos tornou-se ponto importante na
fiscalização de evasões de divisas e fraudes contra o fisco do Estado do Pará.
Fontes: Acervo
pessoal do autor, acervo ICBS e acervo da Biblioteca Nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário