sexta-feira, 9 de março de 2018

Momento Poético: Alma Doente


Por Paulo Rodrigues dos Santos

Oh! Porque não fui eu simples bloco de mármore,
Que talhado a cinzel ingressasse na História,
E na eterna mudez de veneranda estátua,
Evocasse, silente, alma sonho de glória
            de um artista de fama! 

Então, ao vendaval da transitória vida,
Passara indiferente e calma a senda inglória,
            rumo da Eternidade,
Não tendo a me queimar a pálpebra marmória,
            a lágrima dorida,
Nem tendo a cruciar-me o seio esta Saudade,
            nem a Dor que devora
            a triste Humanidade
            feita de luz e lama:
Porque a pedra não vive e não pensa e não chora,
Porque a pedra não sonha e não sofre e não ama!

NOTA: Poesia escrita em 1928, com o pseudônimo de “Saulo Tapajônio”, considerada pelo dr. Alarico Barata como uma das mais belas joias da literatura do mundo, aqui reproduzida do Jornal de Santarém de 15 de janeiro de 1972.


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