Por Augusto
Lopes
Passam as velas
no horizonte
Com deusa-panda na bujarrôna...
Vão enfunadas, quase defronte,
Daquele sol que
se desmorona.
Umas são
brancas, outras azuis,
Cortando o mar em arrebol...
Vento Galerno, todas tafuis,
Singram as velas
ao pôr do sol.
Aos solavancos
de ondas revoltas,
Lá se vão elas por mar afora...
Todas lampeiras, de escotas soltas,
À luz do sol que
agoniza agora.
Sempre de tarde,
à luz poente,
Como gaivotas em debandada,
Surgem as velas serenamente,
Singrando as
águas ensanguentadas.
Singrai,
singrai, ó velas de nautas,
– Tarde cabocla, a luz agoniza,
Levais no bojo, bons argonautas,
Um sol já morto,
um beijo da brisa.
NOTA: Poesia
publicada em 1932.
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