terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Visita do Governador Justo Chermont à Itaituba

Abaixo transcrevemos parte do diário da viagem do governador Justo Chermont às comunidades do rio Tapajós durante o mês de maio de 1890. Depois de visitar Aveiro, o governador seguiu viagem até Itaituba, de onde tiramos a seguinte crônica da viagem:


ITAITUBA: Vila da margem esquerda do rio Tapajós. Parece ter menos tendências a progredir do que Aveiro. O número de suas casas não se eleva a mais de 50, sendo 34 cobertas por telhas e as restantes de palhas.
Lançamos ferro em frente a esta Vila à uma hora da madrugada do dia 22 e saltamos às 8 da manhã, visitando então o dr. Governador a casa em que funciona a Intendência, as duas escolas existentes e a Igreja Matriz.
A escola do sexo masculino não pode achar-se em maior e mais lastimoso estado de desleixo. Regida pelo reverendíssimo padre Matheus Augusto da Silva Franco, apesar de demonstrar, no livro competente, o número de 25 matriculados, todavia a frequência não atinge a 8 alunos diariamente.
Em 11 longos anos de um magistério público continuado, sua reverendíssima ainda não conseguiu dar um só dos seus discípulos como mais ou menos preparado nas matérias do curso primário!
Não sentirá o padre Matheus os espinhos do remorso agrilhoando-lhe a consciência de um homem público, por haver indevidamente recebido, durante tantos anos, o pagamento dos cofres do Estado por serviços que nunca prestou?...
Sem o mínimo receio de errar; nós o afiançamos, a causa capital da pouquíssima ou nenhuma tendência que se nota em Itaituba para o adiantamento material, é a criminosa e nunca assaz censurável negligência, em que vive ali a instrução das pobres crianças do sexo masculino. Cumpre, pois, ao Governo tomar as medidas mais enérgicas a bem da educação do povo itaitubense.
Um governo que trabalha por adquirir os foros de moral deve sempre cortar pelas raízes as imoralidades.
Entretanto, a escola do sexo feminino acha-se muito mais animada do que a precedente.
Confiada à direção da normalista D. Rosa Maria Lages, apresenta o número de 25 matriculadas e uma frequência habitual de 18 a 20 alunas.
A visita feita à Igreja produziu-nos os mesmo efeito que a da escola do sexo masculino.
O edifício ainda não está ainda inteiramente concluído, mas podia ser encontrado em um estado de maior asseio.
Não precisamos comentar mais.

Eleitores: 400 alistados pela junta distrital”.

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